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  • Foto do escritorMarcio Leite

Democracia, acesso, educação e voto.

O que motiva seu voto?



 


Nascido numa cidade do fundo do Vale do Paraíba - área precarizada, de antigas fazendas produtoras de café, tardiamente industrializada, bolsão católico de moral alinhada com ideais conservadores - sou filho de uma professora e de um industriário.

Nos anos 80 estudei parte do ensino fundamental em um colégio público de minha cidade, já bastante deteriorado pelos anos de gestões PM/S/DBistas. Justamente por conta das constantes greves e paralisações da classe educadora do estado por melhores salários e condições, numa onda de evasão de alunos das escolas públicas, fui transferido para um tradicional instituto de educação privado, mantido pelos Salesianos, pago a duras penas e malabarismos orçamentários pelos meus pais, para que eu terminasse meus estudos com integridade.

Depois, baseados na crença da classe trabalhadora de que cursos profissionalizantes são a redenção dos filhos, quase fui matriculado nas escolas técnicas de mecânica, mantidas pelo setor da indústria privada. Por um desvio ou rebeldia, saí pela tangente e consegui convencer meus pais de que um curso técnico em Próteses de uma modesta escola técnica da região, seria melhor e me levaria mais tarde a uma universidade de Odontologia.


De tanto esculpir e desenhar elementos odontológicos ao longo do curso, percebi que essa carreira talvez não fosse exatamente meu dom, mas sim as artes. A faculdade de Design surgiu então por acidente nesse momento e só foi possível devido à bolsas de estudo que recebi da instituição Camiliana e de fundos mantidos pelo governo federal - na época fui aluno assistente em pesquisa acadêmica financiada pela Capes-CNPQ - além de outros trabalhos e empregos temporários conciliados com os estudos noturnos e uma insistência dos meus pais em colocar minha educação no apertado orçamento doméstico.

Formado aos 20 anos, foi só então que tive acesso ao meu primeiro instrumento bancário, uma conta com cartão de débito e crédito, numa inovação de um banco privado da época que, mirando no crescimento econômico, criou um programa de acesso ao crédito para jovens e estudantes universitários ainda sem renda.


Graças também a uma economia que despontava e a uma moeda forte (o BigMac custava R$ 4,50) esses recursos possibilitaram iniciar minha carreira numa capital no sul do país, onde tive uma relativa qualidade de vida a um custo de vida acessível, permitindo investir na minha pós graduação em Cinema e TV numa conceituada instituição católica, essa sim paga sem nenhuma bolsa ou suporte.

Após quase 10 anos trabalhando em empregos formais (CLT) como Designer, fui admitido em um mestrado numa instituição Britânica e esse aprimoramento só foi possível - para além de economias pessoais severas que eu fazia em prol dessa poupança - por causa de uma moeda forte, uma economia e um câmbio que se mantiveram estáveis por anos (de R$ 3,10 R$ 3,80 p/ 1£) e um cenário positivista de crescimento do país com explícita valorização de profissionais especializados e do ensino superior. Lembro de alguns anos mais tarde ouvir da então Presidenta reafirmando o projeto educacional do partido, “queremos mais universidades e ainda mais mestres e doutores".

Por isso tudo, passados os 13 anos de desenvolvimento do país, é triste ver o atual sucateamento não só das instituições públicas, mas a mercantilização e simplificação da educação como um todo, que precariza o ensino, o transformando numa via de formatação em massa de um exército de de profissionais técnicos, repetidores, operadores funcionais, simplesmente para alimentar um sistema empregatício que descarta e recontrata à maré das demandas produtivas, sem dar condições ao desenvolvimento do pensamento crítico e da autonomia do jovem indivíduo sobre sua própria existência.


Acredito pela observação e reflexão, de que a manutenção dos investimentos governamentais em educação e pesquisa científica, a garantia do acesso ao ensino superior de qualidade, aliada a uma economia estável e programas de acesso para as classes trabalhadoras, com sistemas de cotas e inclusão, impulsionam o crescimento real econômico e social da nação de forma equânime, para todos.


Por tudo isso que vivi em minha formação, acredito que governos de partidos com foco no social e uma responsabilidade máxima com a educação, com um projeto de desenvolvimento hegemônico do País, dando acessos e condições para a população brasileira e não apenas privilegiando o mercado e instituições privadas, é essencial para o digno desenvolvimento humano do País e consecutivamente, de seus cidadãos.



Dia 02 de Outubro, eu voto na esperança.



 


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